sábado, 29 de janeiro de 2011

Cautela, se não... PISCIIIIIIINAAAAAAAA........

          Lembro-me do meu pai saindo bem cedo de casa e voltando apenas no dia seguinte também bem cedo, lembro-me porque sempre passava no nosso quarto para dar um beijinho de “oi”. Só nós sabíamos (eu, minha irmã mais nova e minha mãe) o quanto este beijinho de “oi” significava, “o pai chegou” e ainda bem que chegou, mais um dia e esta tudo bem!
         Perguntávamos como foi o dia (e a noite), se houve muitas ocorrências, e ele respondia com sim ou não e dificilmente entrava em detalhes, não gostava de misturar as coisas. Mas havia dias em que contava, ficávamos atentas para ouvir, era um pouco agonizante, pois algumas vezes não tinha final feliz...
         Na verdade, muitas vezes não conseguíamos ficar praticamente 2 dias sem o ver, e sempre que possível passávamos lá (e vice-versa) para fazer uma visitinha, o que era sensacional, revíamos os seus amigos que muitas vezes eram os nossos amigos, ou “tios” também. Amigos esses que devíamos ter cautela, costumam não bater muito bem, ainda mais quando se juntavam com meu pai, todo o cuidado era pouco, qualquer vacilo podia significar PISCINAAAA..........

         É, já fui parar algumas vezes na piscina. Em um dia de inverno (mega frio), não muito tempo atrás, era grandinha já, passamos lá para o ver, eu, minha mãe, minha irmã e meu maridinho, um de seus amigos veio nós recepcionar e, então pedimos para que chamasse meu pai... Ele olhou para mim e disse “é só tocar aquele sino que ele desce”, e apontou para o sino de ferro acima de minha cabeça. “Não, não”, eu disse, “porque preciso tocar o sino?”, achei meio esquisito em anos nunca precisei tocar o sino para chamá-lo... E ele insistiu muitas vezes “toca o sino, toca logo, vai Carina, toca”, e eu toquei, e toquei alto...
         O que aconteceu? Ele imediatamente se escondeu... E em segundos ouço uma correria vinda de cima, e todos, inclusive meu pai, descendo as escadas correndo e ao mesmo tempo se vestindo tremendo de frio, estavam muito apressados e com caras assustadas... Todos se organizaram “em forma” procurando algo ou alguém, e o que encontraram foram nós eu, Carol, mamãe e Marcio... Ficaram meio bravos com cara de “eu não acredito”, e eu naquela hora fiquei com medo...
         O badalo do sino era um sinal de que alguém muito importante havia chegado, em uma situação assim todos presentes devem ficar “em forma”, descobri isso quando o amigo autor da ordem “toque o sino” surgiu rindo e dizendo “foi a Carina quem tocou, foi ela foi ela...”. Bom só deu tempo de jogar a bolsa no chão, meu pai até tentou fugir, afinal ele sabia que teria que pagar também, mas não deu certo, acabamos os dois naquele frio á noite, na PIISSSCCCINNNAAAAAA...
         E muitos, muitos outros momentos vivi nesses vários anos de convivência com esses malucos. Loucos que me ensinaram muitas coisas através da dedicação em suas ações. Momentos que ficarão guardados para sempre...
         Quando perguntavam quem era o meu pai dizia, “é a melhor pessoal do mundo, a mais divertida, a mais solidária, a mais humilde...”. “Mas no que ele trabalha?” perguntavam, e eu respondia “no Corpo de Bombeiros”.
         Neste ano ele foi transferido (devido a algumas restrições médicas), interno, tem fama de ser a pessoal mais maluca já responsável pela manutenção. O que deixou ele um pouco triste, não entendo porque, afinal ele continua sendo a melhor pessoa do mundo!

Um comentário:

  1. Eiii olha eu aqui, depois de uma loooonga discussão no blog da Amanda ameaçando o anonimo apareci aqui! Adorei o blog, vou estar aqui agora :)

    bjs!

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